Freio na expansão do CV em MS, operação 'caçou' 92 suspeitos sem disparar 1 tiro
Diferente de ação no RJ, Bloodworm, planejada pelo Gaeco-MS, não teve mortes e resultou em 73 condenações
| ANAHI ZURUTUZA / CAMPO GRANDE NEWS
Quase mil dias e outros mil km separam duas operações contra o Comando Vermelho com resultados completamente diferentes. Planejada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul, em 2023, a Bloodworm foi desencadeada para prender 92 suspeitos de integrar a facção carioca. Sem um tiro disparado, quase todos os mandados foram cumpridos e hoje há ao menos 73 condenados. Já na terça-feira, dia 28, a Operação Contenção, para cumprir 100 ordens de prisão no Rio de Janeiro (RJ), terminou em banho de sangue.
Em cenários totalmente distintos e guardadas as especificidades de cada realidade, as duas ofensivas tinham o mesmo objetivo: frear a expansão da organização criminosa com poderes que extrapolam os muros dos presídios, Brasil afora.
A investigação pré-operação do Gaeco-MS demonstrou que o Comando Vermelho tinha planos de expandir os “negócios' em território sul-mato-grossense, tendo a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, conhecida como “Federalzinha' pelas semelhanças com o rígido regime empregado nos presídios federais, como o “laboratório de ideias' das lideranças.
Mato Grosso do Sul, sabidamente dominado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa de origem paulista, a maior do país, é considerado importante rota para o tráfico de drogas e armas por sua posição geográfica estratégica, na fronteira com dois países produtores de entorpecentes, Paraguai e Bolívia.
Naquele 5 de maio de 2023, a ação delineada pelo Gaeco foi às ruas de nove cidades sul-mato-grossenses e de outras 12 em cinco estados (Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal).
Era a manhã de uma sexta-feira e, além dos mandados cumpridos contra detentos faccionados – trabalho, obviamente, “mais fácil' por não haver necessidade de uso da força policial na contenção dos alvos –, havia ordens de prisão e buscas a serem cumpridas contra suspeitos nos mais diversos tipos de endereços. A operação também levou para a cadeia policiais penais corrompidos e advogados que, conforme as apurações, trabalhavam para a máfia como “pombos-correio'.
Um dos principais investigados na Bloodworm foi preso em Copacabana, no Rio de Janeiro. Roberto Ricardo de Freitas Junior, o “Betinho' ou “Presidente', chegou a ser apontado como o chefe do CV no Centro-Oeste. O carioca passou pela Federalzinha até conseguir transferência para o estado de origem poucos meses antes de virar alvo do Gaeco-MS. Freitas Junior cumpria pena no regime aberto quando foi levado novamente à prisão há dois anos ao lado da advogada dele, Camilla Moura da Rosa Lyvio, pega no Centro do Rio. Atualmente, ele está foragido.
Até maio deste ano, dois anos após a deflagração, a Bloodworm já havia resultado na soma de 428 anos de prisão em penas aplicadas e a multas penais impostas aos condenados superiores a 10 mil dias-multa, que equivalem a mais de meio milhão de reais, conforme balanço divulgado pelo Gaeco.
O nome da operação faz referência a um verme conhecido por sua ferocidade e resistência, características semelhantes às ações da organização criminosa atacada.
No Rio – Passados exatos 907 dias após a investida contra o CV a partir de Mato Grosso do Sul, o Governo do Rio de Janeiro enviou 2,5 mil policiais aos complexos de favelas do Alemão e da Penha para prender 100 suspeitos de fazer parte da organização que também está expandindo o domínio pela capital carioca. A ação no Rio prendeu 81 pessoas e tirou quase 100 fuzis de circulação, mas deixou rastro de sangue – 4 policiais e 117 civis acabaram mortos.
A Operação Contenção, que colocou cerca de 100 mil pessoas no meio do fogo cruzado entre a polícia e o tráfico, foi classificada como a mais letal da história do país.
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