Hemofílicos temem dificuldades com o fechamento do pronto atendimento no HR
SES anunciou que Hospital Regional deixará de atender pacientes por demanda espontânea a partir desta segunda
| KETLEN GOMES / CAMPO GRANDE NEWS


O anúncio da saída do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) de encerrar os atendimentos no PAM (Pronto Atendimento Médico) para demandas espontâneas, feito pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) na última sexta-feira (15), gerou apreensão entre pacientes hemofílicos, que relatam dúvidas sobre como proceder em situações de emergência.
Com a mudança, o hospital não atenderá mais casos sem encaminhamento prévio e receberá apenas pacientes encaminhados pela Central de Regulação. A orientação da SES é que quem precisar de atendimento de urgência ou emergência simples deve procurar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou um CRS (Centro Regional de Saúde). Caso seja necessário, esses locais farão o encaminhamento ao HRMS ou a outro hospital de referência.
A medida preocupa famílias como a de Enaide Vilasanti Rocha, 43 anos, e de Wanderley Espíndola Barrios, 29 anos, mãe e padrasto de um menino de seis anos com hemofilia A moderada. Wanderley explica que o enteado tem deficiência da proteína 8 e, por isso, qualquer machucado pode exigir a reposição imediata.
“Quando ele tem algum tipo de contusão, a depender da gravidade, a gente leva ele no PAM para o atendimento. A orientação que foi passada é que não precisa nem ter sangramento externo, a doutora que acompanha ele orienta levar por cautela, porque pode ter algum sangramento interno que pode ser agravado', afirma.
O padrasto diz que ficou alarmado ao saber da decisão e irá ao hospital para buscar esclarecimentos. “Se a gente não souber para onde ir, podemos perder um tempo precioso', desabafa. Ele lembra ainda uma experiência frustrante em uma UPA, quando o enteado teve o joelho inchado após uma queda. “Expliquei que ele tinha hemofilia, mas houve demora, falta de protocolo. O médico teve que pesquisar sobre a doença', relata.
Enaide recorda o diagnóstico do filho, ainda bebê, após dias de sangramento por um corte na boca. “Na UPA encaminharam para o Hospital Regional, onde ele ficou 15 dias internado. A médica aplicou o fator antes mesmo do exame confirmar a hemofilia, por causa da demora do exame, e o sangramento parou na hora', conta.
Hoje, além do caçula, ela também tem outro filho, de 26 anos, hemofílico, que trabalha e anda de moto, aumentando a preocupação com a falta de clareza sobre os novos procedimentos.
A mesma preocupação é compartilhada por Neder Santos, 43 anos, hemofílico A grave e representante da Associação dos Hemofílicos de Mato Grosso do Sul. Segundo ele, em um grupo com cerca de 200 pessoas, entre pacientes e familiares, a maioria demonstrou dúvidas após o anúncio. “Às vezes é um impacto na cabeça, um sangramento interno. Precisamos de exames de imagem que só existem em hospitais de alta complexidade. Isso não tem nas UPAs', destaca.
Neder lembra que, para casos simples como gripe, os hemofílicos já recorrem às UPAs. O problema, segundo ele, está nas situações que podem evoluir para sangramentos, em que a orientação sempre foi procurar o Hospital Regional, onde há equipe especializada e ambulatório do Hemosul.
A hemofilia é uma doença hereditária em que o sangue não coagula normalmente, o que pode causar sangramento excessivo interno e externo após qualquer lesão ou dano.
A reportagem procurou a SES e o Hospital Regional para esclarecer como será o atendimento a pacientes hemofílicos, mas não obteve resposta até a publicação. O espaço segue aberto para manifestação.
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