Não é só dengue: picadas de mosquitos também podem causar alergias que duram meses

Reação alérgica transforma picadas de mosquito em marcas espalhadas pelo corpo

| MIDIAMAX/EVELYN MENDES


Foto Ilustrativa - iStock

A estiagem esperada no mês de agosto até que dá uma trégua, mas não o suficiente para que mosquitos deixem de ser uma preocupação. Isso porque, além de transmitirem doenças como dengue, zika e chikungunya, esses insetos podem provocar reações alérgicas que, em alguns casos, duram meses.

Reações alérgicas ocorrem quando há uma resposta do sistema imunológico. A alergia se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno (substância estranha ao nosso organismo). No caso do mosquito, o organismo entra em contato com substâncias que o mosquito libera ao picar a nossa pele, e desencadeia processos inflamatórios que podem variar de um simples incômodo a quadros mais graves.

Além disso, os mosquitos têm horários preferidos para atacar. O Aedes aegypti, transmissor da dengue, por exemplo, é mais ativo no começo da manhã, entre 7h e 10h, e no fim da tarde, das 16h às 19h. Nesses períodos, quem está suando ou se exercitando se torna ainda mais atraente para o inseto.

Convive com manchas desde a infância

Desde criança, Bianca Campos, 25 anos, estudante de Jornalismo, percebe que reage de forma diferente às picadas de mosquito. Uma única picada já era suficiente para provocar inchaço intenso e deixar marcas que demoravam meses e, às vezes, anos para sumir.

Segundo a estudante, na infância era mais difícil evitar não mexer na ferida. “Quando eu era criança, não tinha muito controle sobre coçar as picadas, então era bem comum ficar uma ferida no local, o que só piorava todo processo', explica.

O incômodo segue até hoje. No calor, época em que as roupas curtas se tornam alternativa para se refrescar, ela precisa lidar com o aumento das picadas e com a dificuldade de evitar novas manchas. “Se eu estiver em uma roda de amigos, é muito provável que eu saia cheia de picadas e as outras pessoas não', conta.

Para se proteger, Bianca usa repelente e, quando possível, roupas que cubram a pele. Em casa, mantém janelas fechadas à noite e dorme com ventilador ligado para afastar os insetos. “Já aceitei que vou conviver com isso, mas ainda é frustrante ver as manchas antigas somarem com as novas', afirma.

Bianca nunca procurou atendimento médico para investigar as manchas, mas admite que as marcas e o desconforto fazem parte da sua rotina.

Alergista explica a gravidade da reação

O alergista e imunologista Leandro Silva de Britto explica que reações alérgicas não são específicas em crianças e pode se manifestar em qualquer fase da vida, visto que o sistema imunológico está em constante contato com o ambiente.

Leandro afirma que a reação alérgica à picada de mosquito vai além de um simples incômodo. “Na alergia, a pele pode formar grandes placas avermelhadas, endurecidas e dolorosas, que duram dias. Em alguns casos, há coceira intensa, vermelhidão extensa e até bolhas'.

O especialista conta que existe uma alergia considerada rara, mas que pode acontecer, após a picada do mosquito, é a síndrome de Skeeter. Esse quadro alérgico, pode manifestar sintomas como: vermelhidão, inchaço, o local pode ficar quente e dolorido, a pessoa pode apresentar ainda febre e mal-estar. Além do desconforto, a síndrome pode causar até mesmo infecções secundárias.

Leandro reforça que o problema pode se agravar com o tempo. “A exposição repetida pode sensibilizar ainda mais o sistema imunológico, tornando as reações mais fortes e prolongadas'.

Quando procurar atendimento médico?

Leandro explica que, em casos de sintomas mais intensos como inchaço muito grande, febre, ou sinais de infecção, como pus e calor intenso, ou ainda falta de ar e queda de pressão, é indicado procurar atendimento médico imediatamente.

Segundo o alergista, crianças, idosos e pessoas com imunidade baixa ou indivíduos com histórico de outras doenças alérgicas, são os mais suscetíveis a reações intensas a picada de mosquito.

Conta ainda que, em alguns casos, são indicados remédios orais, como antialérgicos, mas para pessoas que têm frequentes reações é indicado um tratamento preventivo. Por isso, é preciso passar por um especialista para o tratamento adequado.

Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) o Prick Test, usado para identificar alergias por contato direto com a pele, não é realizado na rede pública municipal. Assim, para investigação de possíveis alergias, o município oferece exames laboratoriais como IgE total e IgE específico, feitos por coleta de sangue em todas as USFs (Unidades de Saúde da Família).

Desse modo, é preciso procurar a unidade de referência da sua área para avaliação médica e solicitação do exame, quando indicado.

Dermatologista alerta para cuidados com a pele

Segundo a dermatologista, Isadora Santamarina, que atua há 13 anos na área, coçar onde foi picado, pode piorar o problema. Para ela, a picada do mosquito geralmente causa uma reação leve. “Ao coçar, a pessoa pode romper a pele, facilitar infecções secundárias e intensificar a inflamação. Além disso, o ato de coçar perpetua o ciclo de prurido (coceira), agravando os sintomas', explica.

A especialista conta que em pessoas alérgicas a picada pode evoluir de forma rápida e intensa. Manchas, bolhas e feridas causadas pela reação alérgica podem variar de acordo com a sensibilidade de cada indivíduo.

Isadora afirma ainda que em casos de peles negras as manchas se tornam mais suscetíveis a serem permanentes. Ela conta que com a “hiperpigmentação”, ou seja, as manchas que ficam após a picada, podem durar mais tempo. Mas, pode variar conforme a “gravidade” da reação.

A dermatologista orienta a manter uma rotina de cuidados. Segundo ela, essa sequência ajuda a proteger a pele.

Veja a ordem de produtos para se proteger.

  • Comece pelo hidratante;
  • Filtro solar;
  • Repelente.

É possível prever ataque dos mosquitos?

Além das medidas preventivas, é possível consultar quando os mosquitos estarão mais ativos. O site Mosquito Forecast mostra a previsão diária para cada região, indicando dias e horários de maior risco. Em Campo Grande, a tendência para os próximos dias é de nível médio de atividade.

Dicas para se proteger

  • Evite locais abertos nos horários de pico, entre 7h30 e 10h e das 16h às 19h;
  • Use repelentes adequados para cada faixa etária;
  • Prefira roupas claras que cubram braços e pernas;
  • Instale telas em portas e janelas;
  • Elimine focos de água parada;
  • Use ventilador ou ar-condicionado para dificultar a aproximação dos mosquitos.

*Com supervisão de Guilherme Cavalcante

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